A Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) recebeu homenagem na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) no dia 7, referente aos 40 anos de ingresso das primeiras policiais femininas da corporação. A solenidade foi realizada no Plenário deputado Osni Régis e uma das homenageadas foi a cabo Luize Sauer Ribeiro Silva, moradora de Biguaçu (confira a relação das homenageadas na lista disponibilizada ao final da postagem).

Atualmente, Luize está lotada no Gabinete Executivo da Casa Militar (segurança de autoridades). “Foi uma grande honra ser agraciada com a homenagem. A história das policiais femininas começou muito antes de mim e foi um caminho árduo até aqui para que pudessem perceber que as mulheres também são importantes na Polícia Militar, e com muito trabalho e competência podemos chegar em qualquer lugar que quisermos, pois onde existe competência não tem espaço para o preconceito”, celebra.

Aos 33 anos, Luize conta com uma trajetória sólida na PM, iniciada em 2013, quando passou no concurso da Polícia Militar e foi para Jaraguá do Sul, para fazer o Curso de Formação de Soldados. “Nunca tive sonho de ser policial, mas surgiu a oportunidade de fazer o concurso em 2013. Estudei e consegui ser aprovada”, relembra.

Luize trabalhou em Jaraguá do Sul até 2018, passando pela rádio patrulha, pelo Canil e pelo Tático. Em novembro daquele ano, foi transferida para Florianópolis, onde trabalhou no 22º Batalhão, responsável pela área continental – atuando tanto na rádio patrulha quanto no Tático. Um trabalho perigoso, que exige coragem e muita dedicação. “Atuando no Tático, na noite de 24 de dezembro de 2020 fui alvejada na parte posterior da perna na comunidade Chico Mendes, umas das mais violentas da Grande Florianópolis”, recorda.

Mas a cabo da PM está muito bem preparada para enfrentar o perigo. Ela concluiu cursos importantes dentro da carreira na corporação, como o Estágio de Condução K9, em 2016; o Curso de Táticas Policiais, em 2016; e o Curso de Ações Táticas Especiais, no ano passado. “No âmbito da PMSC, para atuar em grupo especializado, como o Tático, ou unidades especializadas, como Canil e Bope, é necessário realizar cursos ou estágios específicos, que exigem condicionamento físico e preparo emocional do policial”, explica a moradora de Biguaçu.

Luize revela que o teste físico para conseguir vaga nesses cursos inclui provas como: corrida de 10 quilômetros, corrida com sobrepeso (carregando, de maneira técnica, outro policial nas costas), barra fixa e subida de 6 metros de corda; além de provas aquáticas, como apneia estática, apneia dinâmica, 200 metros de natação e flutuação. Todas as provas têm índices de aprovação que precisam ser alcançados.

O Curso de Ações Táticas Especiais (Cate), por exemplo, é considerado como um dos mais difíceis da Polícia Militar de Santa Catarina. O primeiro curso foi em 2003; o segundo, em 2017; o terceiro, em 2019; e a quarta edição, em 2023, totalizando apenas 69 cateanos no estado todo, entre militares da ativa e da reserva.

“O Cate tem como objetivo especializar policiais para atuar em missões específicas no atendimento de ocorrências de alto risco e preliminarmente em ocorrências de altíssimo risco, extraordinárias e exóticas, de modo que, ao término do curso, estejam aptos a compor o efetivo do Bope”, detalha Luize, que é a primeira mulher a se formar nesse curso em Santa Catarina. “Nunca pensei no fato de ser a primeira mulher, eu só queria concluir o curso, de igual para igual com meus companheiros, pois durante o curso não há diferenciação entre homens ou mulheres, somos um número; eu era a 10, assim como o 12, 16, 18... Somos tratados iguais”, destaca.

Luize conta que se preparou inicialmente para o curso de 2019, mas caiu durante a prova de corrida de 10 quilômetros, a 500 metros da chegada, e acabou não concluindo. Tentou novamente em 2023; em uma turma com 40 policiais, apenas 12 concluíram os 56 dias de curso. Luize estava entre eles. “Desde 2019, estava treinando para esta oportunidade. Esse tempo de espera foi muito bom para adquirir mais experiência na carreira e entender ainda mais o real significado e a importância que esse curso tem dentro da PMSC e na minha vida como policial militar. Essa maturidade também me ajudou psicologicamente a enfrentar as adversidades durante o curso. Concluir o Cate foi a realização de um sonho profissional, de me tornar cateana e agora estar habilitada para poder trabalhar na companhia Cate do Bope, que é outro grande sonho que pretendo realizar em breve”, projeta a moradora de Biguaçu. 

Em janeiro de 2023, ela foi convidada a integrar a Casa Militar, onde está até hoje.

Paixão pela bola

Além do trabalho na PM, outra paixão da cabo Luize é a bola. Natural de Sananduva (RS), desde muito nova acompanhava o pai nos jogos de futebol do município, onde desenvolveu habilidades para o futsal, participando de diversos jogos escolares pelo município.

Por meio do futsal, morou em Florianópolis, em 2005; em Criciúma, em 2006; e em Osasco (SP), de 2007 a 2013, onde atuou no Corinthians, no Palmeiras e no Grêmio Osasco. Também foi convocada pela a seleção paulista sub-20, em 2009. 

Em 2022, já na PM, foi convidada pelo time da Polícia Militar do Estado de São Paulo para participar de um campeonato mundial entre equipes militares na Bélgica, e ajudou a conquistar o título para o Brasil.

Atualmente, ainda joga futebol sete no Atlético Catarinense.

As homenageadas
 

Coronel da reserva remunerada Maria de Fátima Martins
Coronel da reserva remunerada Claudete Lehmkuhl
Coronel da reserva remunerada Tércia Maria Ferreira da Cruz
Tenente-coronel da reserva remunerada Edenice da Cruz Fraga
Tenente-coronel Naíma Huk Amarante
Tenente-coronel Clarissa Dias Soares
Major dentista Márcia Regina da Silveira
Major médica Gisela Varela Ximenes do Prado
Subtenente Daiane Oliz Botelho Muller
Subtenente da reserva remunerada Sonia Maria Martins
Subtenente da reserva remunerada Bernadina Otávia Lourenço
Terceiro-sargento Franciele da Silva
Terceiro-sargento Juliana Reis
Cabo Maitê Prado de Almeida
Cabo Luize Sauer Ribeiro Silva
Cabo Madleine Danieli Ghidini Ferreira
Primeiro-sargento Dayanni Christtini Alves